Mercado da construção em alta leva operários a se tornar empreendedores
Manaus - Puxado pela abertura de linhas de crédito, ampliação do mercado imobiliário e aumento de obras públicas e privadas para a Copa de 2014, a construção civil cria oportunidade para muitos profissionais da área abrir o próprio negócio, que começa com um microempreendimento.
A maioria das empresas do setor é de pequeno porte e prestam serviços para as maiores, denominadas ‘âncoras’. Essas empreiteiras, em geral, contratam terceirizadas para realizar fundações, fornecer concreto, preparar canteiro de obras, entre outros serviços de suporte técnico-produtivo e administrativo.
“Ao invés de eu ter na minha empresa todos os trabalhadores que consigam construir, tem alguns serviços muito particulares que eu posso terceirizar”, explica o superintendente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas (Sinduscon/AM), Cláudio Guenka. De acordo com o gestor, atualmente existem 497 empresas no ramo da construção, que geram cerca de 80 mil empregos formais.
O cenário abre oportunidade no mercado para trabalhadores com perfil de liderança e com intenção de formalizar um serviço. “Muitos microempresários são pedreiros, carpinteiros (...) Neles se reconhece uma determinada liderança e com isso agregam outros trabalhadores para compor uma equipe”, explica Guenka.
O construtor de obras e proprietário da GGG Construções, Góes Guimarães, 43, é um exemplo de quem decidiu ter um negócio próprio. Ele trabalha há 18 anos no segmento e iniciou a carreira na função básica. “Comecei minha carreira como ajudante de carpinteiro, depois fui encarregado de carpinteiro, carpinteiro de obra, mestre de obra e, finalmente, hoje tenho minha própria empresa”, ressalta.
Góes explica que passou cerca de oito anos até conseguir, de fato, abrir sua empresa, que presta serviços em construção vertical e horizontal, reforma, além de serviços de fundação. Hoje, ele conta com dez empregados de carteira assinada e 15 avulsos e pretende expandir o negócio procurando financiamento com bancos e outras agências de fomento.
Para trabalhadores como Góes que querem deixar de ser empregados e se tornar empregadores, o ideal é procurar o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebra/AM). “O Sebrae vai orientá-lo na questão da documentação necessária e legislação que ele vai ter que se adequar pra abrir o negócio”, afirma a gestora de projetos do órgão, Fabíola Almeida.
A gestora reforça que o órgão não financia a abertura das empresas, mas encaminha o empresário para o acesso ao crédito através de parceria com bancos e agências de financiamento.
Para fortalecer o setor, Sinduscon, Sebrae, Serviço Nacional de Indústria (Senai) e o Governo do Amazonas estão estudando um convênio para capacitar os microempresários do ramo. A parceria deverá contar com a participação de grandes empresas do setor, responsáveis pela contratação das pequenas. “Queremos levar para essas empresas princípios de sustentabilidade, visando também a Copa”, explica Fabíola.
Gestão eficaz evita quebra da empresa
Falta de gestão eficiente, informalidade e endividamento contribuem para que os negócios não prosperem. A Junta Comercial do Estado do Amazonas (Jucea) divulgou uma lista de empresas extintas em 2011. No levantamento, 15 construtoras fecharam as portas.
O presidente do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon-AM), Ailson Nogueira, lista algumas ações para o empresário evitar que seu empreendimento não dê certo.
Em primeiro lugar, Ailson destaca a necessidade de legalizar a contratação dos funcionários junto aos órgãos reguladores. “O Sinduscon-AM e o Crea-AM (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Amazonas) estão com um trabalho intenso de fiscalização”, afirma. Para Ailson, a extinção de 15 construtoras no ano passado pode estar ligada a irregularidades por conta da informalidade dos empregados.
O presidente do Corecon-AM também reforça que as empresas precisam verificar se têm capacidade de gerenciar a obra que está fechando. “O empresário deve saber se tem condições de pagar aquele empréstimo para ampliar o negócio”, disse. É importante procurar as melhores opções de financiamento e juros.
Manter um capital de giro para uma eventualidade também é importante. Ailson considera que o setor da construção civil seja instável, inclusive em relação à liberação de recursos e, por isso, sugere que o empresário tenha um suporte financeiro.
“São cuidados mínimos que o empresário precisa ter pra se manter no mercado”, conclui o economista.
Fonte: D24am
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