Demanda por areia e brita continuará firme até 2015
A forte aceleração do mercado imobiliário brasileiro nos últimos anos, a melhoria da renda e a ampliação das obras de infraestrutura causaram, como não poderia deixar de ser, um desdobramento positivo no segmento dos chamados agregados de construção civil, composto basicamente por areia e brita. Dados levantados pela Associação Nacional de Entidades de Produtores de Agregados para a Construção Civil (Anepac) mostram que a demanda por esses materiais cresceu numa média anual de 6,2% de 2006 até este ano.
E o desempenho não poderia ser mesmo outro, afinal de contas os agregados estão na base da construção civil e são indispensáveis em todo tipo de obra. Assim, quando a construção civil cresce, ele naturalmente acompanha. Para se ter uma noção, um quilômetro de metrô consome aproximadamente 50 mil toneladas de agregados; uma estrada exige 9,7 toneladas desse material e para cada 1 mil metros quadrados de área construída em edifícios o volume de agregados usado chega a 1,3 tonelada.
Diante desses dados e da tendência favorável, sobretudo da área de infraestrutura, as perspectivas do setor são bastante animadoras para os próximos anos. Projeções feitas pela Anepac indicam que em 2015, o país estará demandando um total de 583 milhões de toneladas de agregados. "Há uma infinidade de obras relacionadas a programas de renovação da infraestrutura aeroportuária em função dos projetos da Copa e da Olimpíada que deve manter bastante aquecido o segmento de agregados", diz Eduardo Rodrigues Machado Luz, coordenador do comitê da cadeia produtiva da mineração da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp)..
Em função desse quadro, as estimativas de investimentos das empresas do segmento são expressivas. Um recente estudo elaborado pela Anepac e pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) projeta que até 2014, as cerca de 3 mil empresas de agregados investirão aproximadamente R$ 2 bilhões. E os investimentos devem ser distribuídos por todo o país. "Como no caso dos agregados inexiste comércio entre grandes distâncias, devido ao baixo valor unitário do produto e ao elevado peso do frete, o investimento é voltado para atender a demanda local e, portanto, é pulverizado", diz o economista Humberto Almeida de la Serna, da regional paulista do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).
Apesar dessa dispersão dos investimentos, o perfil do setor segue o desempenho econômico do país, onde predomina o maior desenvolvimento do Sul e do Sudeste. Nada menos que 72% da demanda por agregados estão concentradas nas regiões Sul e Sudeste do país, de acordo com levantamento da Anepac.
Mesmo com esse ambiente promissor, há uma preocupação do segmento com relação ao marco regulatório. "Precisamos ter o ordenamento territorial da atividade, com a preservação dos recursos", diz Fernando Valverde, da Anepac. "A falta desse ordenamento poderá inviabilizar mais de 50% do bem mineral de agregados no Brasil", alerta Ednilson Artioli, presidente do conselho da entidade.
Nesse aspecto não há, no entanto, convergência total no ramo. Para Valverde, por exemplo, estabelecer prazo para a lavra de uma mina não interessa aos empresários do segmento. "Existem pedreiras em São Paulo que estão operando há 50 anos e que, seguramente, vão estar em condições de plena por mais 50 anos", diz o presidente-executivo da Anepac. Segundo Valverde, a discussão em torno do marco regulatório vem se arrastando há anos.
Na avaliação de vários especialistas, o ordenamento legal é importante também para que a população entenda melhor a atividade de mineração. "Precisamos mostrar para a opinião pública que o aproveitamento dos recursos minerais é inerente à sobrevivência da civilização. É necessário ter a consciência de que os bens minerais são imprescindíveis para a qualidade de vida", destaca Machado, da área de mineração da Fiesp.
Fonte: Valor Econômico | 28 de setembro de 2011
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